Conto: O rapaz e a felicidade

Perto de uma determinada estrada, localizava-se uma casinha simples, com paredes feitas de varas e barro, cobertura de palhas de coqueiro e portas frágeis e singelas. Em seu quintal, havia uma plantação com árvores frutíferas, onde os pássaros, com cânticos melódicos, deixavam o amanhecer poético. Apesar de tanta humildade, a casinha era habitada por uma sensação harmônica, como quem é feliz com a felicidade de quem se ama na incondicionalidade.

Fonte de felicidade, era como o rapaz a considerava. Ele cuidava de um belo jardim para que a casinha ficasse enfeitada e perfumada. Ao amanhecer, pegava seu material de trabalho e ia para o roçado (lugar onde plantava sua lavoura), mas antes cuidava do jardim e agradecia a Deus por sua simples moradia em sinal de gratidão.

O jovem saía de casa todo feliz, e quando ele achava que estava no cume da felicidade, ficava ainda mais feliz, como se fosse possível medir a sua intensidade. Havia, porém, uma explicação: além da esplendorosa paisagem e do encanto que o caminho despertava em seu coração, também existia uma bela jovem de beleza sublime, que morava um pouco distante de sua casa.

Sempre que a avistava, dava um jeito de chamar a atenção dela e, durante uns cinco minutos, ficava vidrado e sem piscar os olhos. Ele ficava fascinado diante da bela moça que era dotada de uma riqueza na essência, a qual fugia de qualquer definição. Ela sabia que, na alma do rapaz, residia um amor sublime, e que por ela personificava-se na forma de felicidade. A jovem gostava e procurava cultivar este amor que, até então, parecia impossível de se viver. 

A SURPRESA

Acostumado a ficar todos os dias diante daquela deusa – uma morena de altura mediana, cabelos castanhos, olhos brilhantes e que expressava um andar e sorriso cativantes – fica surpreso e preocupado, pois naquele dia ela não estava no local de sempre. A moça havia tomado uma importantíssima decisão devido a um sentimento forte e puro que crescia em seu coração e contagiava-lhe a alma.

O rapaz caminha em direção à sua lavoura, não parecia tão feliz quando, de repente, o coração avisa-lhe: alguém estava à sua espera e era feliz com a sua felicidade. Uma deusa se aproximava e lhe dava um beijo, simplesmente vivenciando o amor. Revelava-se um sentimento que se refletia em uma calma absoluta de paixão correspondida.

Após aquele momento de ligação tão sublime e daquele amor tão belo, houve então a formalização do namoro. Perante os familiares da sua amada, o rapaz mesclava sentimentos que iam de medo, ansiedade e até de coragem. Porém, não houve tempo de ação, logo foi antecipado pelo pai da jovem, que o questionou sobre suas intenções de compromisso naquele namoro.

Antes de responder, pensa na casinha simples e singela onde residia e, por isso, estava sem jeito de falar. Mesmo assim, começa a apresentar-se para a família da jovem, que concorda com o namoro. Eles acreditam na boa intenção do rapaz, pois comprovava na sua história de vida, desde bebê até a sua fase adulta. O pai da jovem informa que sabe de toda a história de vida daquele rapaz e, muito emocionado, começa a revelar...

ORIGEM

Ao amanhecer de um belo dia de primavera, ao cantar de um galo garboso, uma senhora ouviu um choro de um bebê e logo correu para o local. Chegando lá, constatou que realmente era um bebê que tinha sido deixado na beira da estrada. Ao ver o indefeso naquela situação, a senhora prontificou-se a cuidar dele e, ao longo dos meses, ficava na frente de sua casa toda manhã à espera dos pais daquele belo bebê para que fosse devolvido, algo que não aconteceu.

O tempo foi passando e, quando fez quatro anos de idade, a senhora resolveu matricular o garoto em uma escola localizada em outra comunidade e, todos os dias, ela o levava numa caminhada que durava uns 30 minutos. Próximo da escola, havia um lago onde, de vez em quando, a senhora parava para descansar e contar histórias para o garoto, que se encantava com tanta admiração pela forma como era tratado, algo tão belo que fugia de qualquer imaginação.

Aos oito anos de idade, o menino já ia sozinho para a escola, pois a senhora não aguentava a rotina de caminhar por tanto tempo. Em um certo dia, uma menina, que na época tinha aproximadamente a mesma idade do menino, pediu para irem juntos para a escola. A partir daquele dia, o menino passava na casa dela e iam juntos para a escola.

Um dia, ao voltarem da escola, passaram perto do lago e resolveram ficar um pouco descansando. Depois de um determinado momento, a menina subiu em uma pedra alta e, ao descer, escorregou e caiu, machucando um dos pés. O menino, aos prantos, pediu que a menina se apoiasse em seu ombro para que voltassem para casa.

Os pais, preocupados, resolveram ir para a escola e, no caminho, viram o menino trazendo a colega. Ele mal conseguia andar, porém não soltava sua colega. Depois do ocorrido, a família da menina foi morar na cidade, só retornando após oito anos.

O agora rapaz, ao completar seus 17 anos, convivia com uma dor de perda que assolava o coração e ardia a alma: faleceu a pessoa que ele tanto amava. A pessoa que sempre cuidou dele com muito carinho, ensinando e educando para a vida. Foram dias sofridos de choro e tristeza, mas ele daria continuidade a tudo aquilo que a senhora fazia no seu cotidiano. Ao ir para o trabalho, despedia-se da casinha e agradecia a Deus pela simples e singela moradia.

Foi a partir da continuação deste trabalho que, aproximadamente quatro anos depois, ele conheceu a bela jovem. Após a permissão, começaram o namoro e, algum tempo depois, acabaram se casando em uma cerimônia em frente à humilde casinha. Anos depois, recebem uma ótima notícia… Bom! Mas isso é outra história... Deseja que eu continue? Então comente, deixe-me sua sugestão ou crítica construtiva… Até mais!

Manoel Messias (Rimas) 

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