Conto: O sol nasce pra todos

As pessoas de uma determinada comunidade tinham o costume de preparar uma área de terra correspondente a meio hectare para o cultivo de lavoura, como mandioca, macaxeira, milho, feijão, entre outras coisas. Já era uma tradição local, pois assim que começavam as chuvas que ocorriam no período de março a agosto, os moradores daquela comunidade cuidavam dos seus roçados (locais de plantio), enchendo-os com uma enorme variedade de plantas. Mas havia no lugar um homem que nunca se atrevia a fazer um roçado e, de longe, apenas via as plantações dos seus vizinhos.

Os moradores da comunidade o convidavam para que também preparasse a terra para o cultivo da lavoura, mas ele recusava, dizendo: "Vocês pegam as melhores terras, têm dinheiro para gastar no caso de ocorrer prejuízo e têm uma grande freguesia que compra suas colheitas." Ele sempre usava esses argumentos, além de dizer que, em comparação aos demais, iria colher pouco ou simplesmente nada.

Um ano após ter recebido o último convite, o homem resolveu fazer a bendita preparação da terra para a plantação. Quando estava próximo do período apropriado para o plantio, ficou todo motivado e, ao mesmo tempo, apreensivo por ser a primeira vez que trabalharia na roça. Então, todas as manhãs, pegava as ferramentas e ia preparar a sua área de terra, onde plantou de tudo um pouco.

O ano foi de muita fartura, pois lucrou muito, faltando até quem comprasse tanta colheita. Mas o homem não se entristeceu, pois tinha outros objetivos, outros planos.

 A COLHEITA

 Surpreso pela quantidade da colheita, o homem resolveu sair pela cidade oferecendo os frutos do seu trabalho, mas ninguém queria, seja pela falta de dinheiro ou até mesmo porque não estavam precisando.

Após um dia de andanças pela cidade, ele começou a refletir e, com o tempo, chegou à conclusão de que toda aquela fartura não podia ser perdida. Ele resolveu fazer doações para pessoas que gostavam de plantar e não tinham obtido tanto sucesso quanto ele. Não esqueceu também daqueles que estavam passando fome e fez doações. Enfim, doou alimentos para todos.

O tempo passou e logo recomeçou o período de chuvas, consequentemente, o tempo de plantações. O homem preparou as ferramentas, colocou o chapéu na cabeça e o bisaco de lado, e saiu em direção ao roçado. No caminho, percebeu a alegria dos vizinhos: uns sorrindo, outros cantando, e ele os cumprimentou e seguiu seu destino.

Chegando ao roçado, ele percebeu algo que não lhe agradava; várias pessoas ocupavam a área de terra escolhida por ele para plantar seus grãos de milho e feijão. Eram pessoas que acreditavam que aquele local era o melhor, pois o homem tinha lucrado bastante. Queriam para si e expulsaram o homem de lá.

Depois do ocorrido, o homem voltou para casa, desistiu do roçado e, com o passar do tempo, consumiu toda sua colheita. Preso em sua melancolia, começou a não mais querer fazer nada. Veio a fome e, com ela, a falta de esperança. Os vizinhos assistiram a tudo, e quem ele ajudou o ignorou.

Por fim, chegou o fim. Descansou.

Manoel Messias (Rimas) 

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